Em entrevista ao site UOL, Fernanda Vasconcellos falou sobre Ana, sua personagem que protagoniza a novela A Vida da Gente.
UOL - Ana é uma grande tenista. E você?
Fernanda Vasconcellos - Não levo jeito. Treino há quatro meses durante duas horas por dia, todos os dias. Não foi fácil não. Acho que ficou legal. A gente não usa dublê nas cenas. O Henri [Castelli, namorado] começou a jogar tênis para me incentivar. E adorou. Eu... Eu não sabia nada, nada. Eu não me apaixonei pelo tênis. Eu gosto mesmo é de correr. Quando fiz "Desejo Proibido" [2007], aprendi equitação e adorava. Em quatro meses jogando, posso dizer aprendi a jogar tênis. Meus movimentos são perfeitos, a professora Flávia Muniz, que é campeã, ficou o tempo inteiro na quadra. Não há cenas de tênis meia-boca! É um trabalho sério. Mas isso não quer dizer que eu me apaixonei pelo esporte. Flávia me incentivava muito porque eu não chegava animada e precisava de estímulo.
UOL - Você se preocupa em ficar rotulada pelas personagens boazinhas?
Fernanda Vasconcellos - Eu tenho vontade de fazer outros tipos de personagem, mas cada uma tem um jeito diferente. Não é porque ela é a mocinha da história, é boazinha, que ela vai agir de uma forma só mocinha. Nessa novela tem muito isso, ela erra demais, ela tem o seu lado que não seria de heroína, só do bem. É difícil isso. Acaba acontecendo esse rótulo, mas você fazendo o personagem, não sente. Ela tem os seus deslizes, tem os seus defeitos. Mas eu gostaria de fazer uma coisa completamente diferente, muito engraçada, sabe? Ana tem os seus momentos de engraçadinha e tudo, mas ela tem ali um conflito muito forte, muito presente, então não dá para brincar tanto.
UOL - Tem vontade de fazer um papel que marque sua carreira para sempre?
Fernanda Vasconcellos - Não tenho essa ambição, mas eu queria fazer um personagem diferente. Talvez algo mais no sentido de comédia, alguma suburbana engraçada...
UOL - Sua personagem entra em coma. Acha que vai ser fácil gravar essas cenas?
Fernanda Vasconcellos - A gente não começou a gravar essas cenas. Mas acho que vai ser tranquilo deitar lá, tirar um cochilo [risos]. Ela fica uns 30 capítulos em coma.
UOL - Você sofreu muito com a Nanda, em "Páginas da Vida", em 2006. Agora isso acontece novamente com a Ana em "A Vida da Gente". Na sua opinião, você tem um perfil que encaixa melhor em personagens dramáticos?
Fernanda Vasconcellos - O público gosta de me ver sofrer, né? Acho que tenho cara de quem merece sofrer [risos]. Mas todos os personagens têm os seus conflitos, cada um tem uma história mais feliz, uns nem tanto, como a Nanda, de "Páginas da Vida", que morreu. Mas a Ana é completamente diferente da Nanda, apesar de ter uma história muito tensa pra idade dela, muito pesada, com vários conflitos que geralmente uma menina de 17 anos não passa e muita gente não passa. Mas ela não fica só no drama, não é uma personagem óbvia que vai só sofrer. Muito pelo contrário. Ela tem os altos e baixos dela. Ela vai falar muito da relação com a mãe, essa coisa de mãe que deposita na filha tudo que sempre quis ser, essa relação da mídia de querer uma pessoa pra rotular como perfeita, como incrível e essas coisas não existem. A Ana é uma personagem que vai falar sobre todos esses pontos, sobre o quanto uma pessoa que é cobrada pra ser perfeita e tudo mais sofre quando quer tomar as rédeas e a frente da própria vida, uma vida normal.
UOL - O que faz Ana aceitar as determinações da mãe?
Fernanda Vasconcellos - Ela foi criada para ter essa relação subjetiva à mãe. Ana não sabe se colocar diante da mãe. E com essa idade, 17 anos ainda, é uma menina que não tem muita carga da vida, não sabe lidar ainda com essas coisas. É a criação mesmo. Ela simplesmente não sabe dizer não pra mãe. Elas acabam tendo essa relação simbiótica, onde uma não sabe onde termina e começa o limite da outra. Ela fica tentando agradar a mãe, alimentar essa doença de amor. E a mãe não faz isso achando que está fazendo mal, ela acha que está fazendo bem. E a filha não vê como um mal, a filha acha que a mãe também quer o bem. A gente vê muito isso hoje em dia.
UOL - Que cena mais te marcou até agora?
Fernanda Vasconcellos - As cenas com a mãe são muito fortes. O que ficou bem registrado foi o frio que a gente passou em Ushuaia, as cenas da água, do acidente. São cenas bem marcantes que ficaram muito legais. Fabrício Mamberti [o diretor] mandou muito bem.
UOL - Você tem algo parecido com a Ana?
Fernanda Vasconcellos - Tem alguma coisa parecida, mas o jeito de reagir é diferente por conta da criação que ela teve. A minha mãe nunca teve esse amor simbiótico comigo, ela nunca depositou em mim tudo que ela sempre quis ser, o que faz a Ana se tornar uma pessoa subjetiva à mãe. Mas tem a ver com essa coisa de rotularem "o casal perfeito", "a menina boazinha", "a moça de família". Que na verdade, assim, eu sou culpada por isso porque eu realmente sou uma pessoa caseira, mas isso não quer dizer que eu seja uma pessoa perfeita. Não existe ninguém perfeito, as pessoas são normais.
UOL - O que você acha que contribuiu para que as pessoas te dessem esses rótulos?
Fernanda Vasconcellos - Eu sou praticamente um soldado, levo minha rotina. Quando alguma coisa sai um pouquinho do programado, sou sistemática... Acho que tudo isso ajuda pra esse rótulo. Às vezes eu tenho um jornada de 12 horas de trabalho. Saio do Projac [na zona oeste do Rio de Janeiro] e anda vou pra minha professora lá na zona sul. Tenho um professora que é psicanalista, a Kátia Aschar, e me ajudou a compor esse personagem e ela fica na zona sul.
UOL - Como isso funciona?
Fernanda Vasconcellos - É muito interessante. Como Kátia é psicanalista, ela me ajuda a construir a base do personagem, o que motiva ele, por que ele reage dessa forma, como se sente uma criança que nasceu no meio dessa família moderna, onde tem um padrasto, um meio-irmão por quem você acaba se apaixonando. Ela me ajuda a construir essa base dela, de quem ela realmente é. Eu li alguns livros junto com a Kátia sobre essa relação, como se comportam crianças que nasceram nessas famílias. Acho que deu um resultado bacana, pelo que eu pude notar. Porque você deixa de se emprestar para o personagem apenas e começa a pensar como ele naquela situação. Esta é a primeira vez que trabalho com ela e está sendo muito rico. É a primeira vez que entro no set segura, sabendo exatamente o que vou fazer. Claro que eu tenho o Jayme [Monjardim] ali comigo, mas antes eu vim preparada, sei quem é a Ana e tenho os diretores me afinando em todos os detalhes.
UOL - Você tem alguma mania?
Fernanda Vasconcellos - Tenho mania de limpeza.
UOL - Como foi feita a parte de caracterização, já que você tem 27 anos e a personagem, 17?
Fernanda Vasconcellos - É mais corporal mesmo, é uma menina. Estou cheia de mega hair e na trama o carinho tem que ser mais manso. É mais coisa de adolescente, a gente tenta marcar uns detalhes de cena, como jogar coisas no chão no meio da sala.
UOL - Ana é um personagem denso. O que você faz para não se envolver?
Fernanda Vasconcellos - Não sou uma pessoa baixo astral. Esses dias, como a gente está gravando muito, eu tive febre três dias seguidos, já estava me sentindo estranha. Sou uma pessoa alegre e não levo pra casa nada que não seja meu. O que é do personagem ficou no estúdio, tchau pra ele. É muito bom você poder sofrer tudo aquilo e ir pra casa sem nada. Esse que é o grande barato: Poder morrer de amor e não morrer de amor, ir dormir em casa. Esse que é o grande tesão do nosso trabalho.
Fernanda Vasconcellos - Não levo jeito. Treino há quatro meses durante duas horas por dia, todos os dias. Não foi fácil não. Acho que ficou legal. A gente não usa dublê nas cenas. O Henri [Castelli, namorado] começou a jogar tênis para me incentivar. E adorou. Eu... Eu não sabia nada, nada. Eu não me apaixonei pelo tênis. Eu gosto mesmo é de correr. Quando fiz "Desejo Proibido" [2007], aprendi equitação e adorava. Em quatro meses jogando, posso dizer aprendi a jogar tênis. Meus movimentos são perfeitos, a professora Flávia Muniz, que é campeã, ficou o tempo inteiro na quadra. Não há cenas de tênis meia-boca! É um trabalho sério. Mas isso não quer dizer que eu me apaixonei pelo esporte. Flávia me incentivava muito porque eu não chegava animada e precisava de estímulo.
UOL - Você se preocupa em ficar rotulada pelas personagens boazinhas?
Fernanda Vasconcellos - Eu tenho vontade de fazer outros tipos de personagem, mas cada uma tem um jeito diferente. Não é porque ela é a mocinha da história, é boazinha, que ela vai agir de uma forma só mocinha. Nessa novela tem muito isso, ela erra demais, ela tem o seu lado que não seria de heroína, só do bem. É difícil isso. Acaba acontecendo esse rótulo, mas você fazendo o personagem, não sente. Ela tem os seus deslizes, tem os seus defeitos. Mas eu gostaria de fazer uma coisa completamente diferente, muito engraçada, sabe? Ana tem os seus momentos de engraçadinha e tudo, mas ela tem ali um conflito muito forte, muito presente, então não dá para brincar tanto.
UOL - Tem vontade de fazer um papel que marque sua carreira para sempre?
Fernanda Vasconcellos - Não tenho essa ambição, mas eu queria fazer um personagem diferente. Talvez algo mais no sentido de comédia, alguma suburbana engraçada...
UOL - Sua personagem entra em coma. Acha que vai ser fácil gravar essas cenas?
Fernanda Vasconcellos - A gente não começou a gravar essas cenas. Mas acho que vai ser tranquilo deitar lá, tirar um cochilo [risos]. Ela fica uns 30 capítulos em coma.
UOL - Você sofreu muito com a Nanda, em "Páginas da Vida", em 2006. Agora isso acontece novamente com a Ana em "A Vida da Gente". Na sua opinião, você tem um perfil que encaixa melhor em personagens dramáticos?
Fernanda Vasconcellos - O público gosta de me ver sofrer, né? Acho que tenho cara de quem merece sofrer [risos]. Mas todos os personagens têm os seus conflitos, cada um tem uma história mais feliz, uns nem tanto, como a Nanda, de "Páginas da Vida", que morreu. Mas a Ana é completamente diferente da Nanda, apesar de ter uma história muito tensa pra idade dela, muito pesada, com vários conflitos que geralmente uma menina de 17 anos não passa e muita gente não passa. Mas ela não fica só no drama, não é uma personagem óbvia que vai só sofrer. Muito pelo contrário. Ela tem os altos e baixos dela. Ela vai falar muito da relação com a mãe, essa coisa de mãe que deposita na filha tudo que sempre quis ser, essa relação da mídia de querer uma pessoa pra rotular como perfeita, como incrível e essas coisas não existem. A Ana é uma personagem que vai falar sobre todos esses pontos, sobre o quanto uma pessoa que é cobrada pra ser perfeita e tudo mais sofre quando quer tomar as rédeas e a frente da própria vida, uma vida normal.
UOL - O que faz Ana aceitar as determinações da mãe?
Fernanda Vasconcellos - Ela foi criada para ter essa relação subjetiva à mãe. Ana não sabe se colocar diante da mãe. E com essa idade, 17 anos ainda, é uma menina que não tem muita carga da vida, não sabe lidar ainda com essas coisas. É a criação mesmo. Ela simplesmente não sabe dizer não pra mãe. Elas acabam tendo essa relação simbiótica, onde uma não sabe onde termina e começa o limite da outra. Ela fica tentando agradar a mãe, alimentar essa doença de amor. E a mãe não faz isso achando que está fazendo mal, ela acha que está fazendo bem. E a filha não vê como um mal, a filha acha que a mãe também quer o bem. A gente vê muito isso hoje em dia.
UOL - Que cena mais te marcou até agora?
Fernanda Vasconcellos - As cenas com a mãe são muito fortes. O que ficou bem registrado foi o frio que a gente passou em Ushuaia, as cenas da água, do acidente. São cenas bem marcantes que ficaram muito legais. Fabrício Mamberti [o diretor] mandou muito bem.
UOL - Você tem algo parecido com a Ana?
Fernanda Vasconcellos - Tem alguma coisa parecida, mas o jeito de reagir é diferente por conta da criação que ela teve. A minha mãe nunca teve esse amor simbiótico comigo, ela nunca depositou em mim tudo que ela sempre quis ser, o que faz a Ana se tornar uma pessoa subjetiva à mãe. Mas tem a ver com essa coisa de rotularem "o casal perfeito", "a menina boazinha", "a moça de família". Que na verdade, assim, eu sou culpada por isso porque eu realmente sou uma pessoa caseira, mas isso não quer dizer que eu seja uma pessoa perfeita. Não existe ninguém perfeito, as pessoas são normais.
UOL - O que você acha que contribuiu para que as pessoas te dessem esses rótulos?
Fernanda Vasconcellos - Eu sou praticamente um soldado, levo minha rotina. Quando alguma coisa sai um pouquinho do programado, sou sistemática... Acho que tudo isso ajuda pra esse rótulo. Às vezes eu tenho um jornada de 12 horas de trabalho. Saio do Projac [na zona oeste do Rio de Janeiro] e anda vou pra minha professora lá na zona sul. Tenho um professora que é psicanalista, a Kátia Aschar, e me ajudou a compor esse personagem e ela fica na zona sul.
UOL - Como isso funciona?
Fernanda Vasconcellos - É muito interessante. Como Kátia é psicanalista, ela me ajuda a construir a base do personagem, o que motiva ele, por que ele reage dessa forma, como se sente uma criança que nasceu no meio dessa família moderna, onde tem um padrasto, um meio-irmão por quem você acaba se apaixonando. Ela me ajuda a construir essa base dela, de quem ela realmente é. Eu li alguns livros junto com a Kátia sobre essa relação, como se comportam crianças que nasceram nessas famílias. Acho que deu um resultado bacana, pelo que eu pude notar. Porque você deixa de se emprestar para o personagem apenas e começa a pensar como ele naquela situação. Esta é a primeira vez que trabalho com ela e está sendo muito rico. É a primeira vez que entro no set segura, sabendo exatamente o que vou fazer. Claro que eu tenho o Jayme [Monjardim] ali comigo, mas antes eu vim preparada, sei quem é a Ana e tenho os diretores me afinando em todos os detalhes.
UOL - Você tem alguma mania?
Fernanda Vasconcellos - Tenho mania de limpeza.
UOL - Como foi feita a parte de caracterização, já que você tem 27 anos e a personagem, 17?
Fernanda Vasconcellos - É mais corporal mesmo, é uma menina. Estou cheia de mega hair e na trama o carinho tem que ser mais manso. É mais coisa de adolescente, a gente tenta marcar uns detalhes de cena, como jogar coisas no chão no meio da sala.
UOL - Ana é um personagem denso. O que você faz para não se envolver?
Fernanda Vasconcellos - Não sou uma pessoa baixo astral. Esses dias, como a gente está gravando muito, eu tive febre três dias seguidos, já estava me sentindo estranha. Sou uma pessoa alegre e não levo pra casa nada que não seja meu. O que é do personagem ficou no estúdio, tchau pra ele. É muito bom você poder sofrer tudo aquilo e ir pra casa sem nada. Esse que é o grande barato: Poder morrer de amor e não morrer de amor, ir dormir em casa. Esse que é o grande tesão do nosso trabalho.
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